domingo, 23 de agosto de 2009

Mudei tanto o título que acabei sem

Eu tenho um sério problema. E ele tem apenas 7 letras. Sete. Um número fácil de lembrar e comum de se dizer (peça a alguém para dizer um número que a probabilidade dela dizer "7" é maior do que 77%).

Meu problema começa logo cedo, quando eu acordo. Tomo banho com a nova marca de shampoo - assim que o pote velho termina, não consigo continuar com o mesmo tipo. Depois, coloco uma roupa. Tiro. Coloco outra. Pego uma bolsa. Troco. Pego outra. Saio de casa, faço caminhos diferentes. Chego no trabalho, sento em outra cadeira.

Não sei se é mania. Se é tique (ou, recentemente, toque - toc). Não sei. Só sei que não aguento: mudo. E aí entra meu problema: na mudança.

Antes eram os móveis do quarto - a cama ia para perto da janela num mês, perto do armário no outro. Depois, foram as pessoas (o que é muito, muito perigoso). Agora, é tudo. Tudo mudou, tudo muda. Eu tento, tento me apegar para sempre a um só modo de pensar. A um só modo de agir. A só fazer o bem, só pensar o bem. A só cantar a mesma música - até decorar. Não consigo.

Tento criar uma rotina de sentar na mesma cadeira, escolher o mesmo lugar na mesa, a mesma fileira na sala de aula - mas não dá. Repare.

É por isso que é difícil de me segurar. Que é tão impossível me pegar de jeito. (É impossível?). Porque enquanto eu gosto disso, logo, logo, gostarei daquilo. Não é por maldade, eu juro. É por vontade. Simples assim.

Mudei o layout. Briguem, me xinguem, mas por favor, não queiram me fazer parar de mudar.

(isso de não mudar é uma das coisas que, até agora, percebi não mudar em mim)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Passionalidades

Queria ter nascido passional.

As pessoas passionais não têm vergonha de serem ciumentas. Tudo bem que elas podem não saber como lidar com isso e fazerem tsunamis em copos d’água.
Mas e daí?
É que elas vivem disso, entende? Elas comem vida. Até a casca.
Elas não têm vergonha de expressar nada. E se envolvem de um jeito que faz com que o ciúme seja só uma das entranhas dela. Natural. Simples assim.
E outra. Todo mundo que se envolve com uma pessoa passional demais sabe que ela é passional demais - é visível. É vivo - E aprende a lidar com isso.
Ou a desligar.
Não é que nem comigo. Eu virei uma ciumenta passional, sem nunca ter sido uma passional ciumenta.
Se eu pudesse escolher...

Porque ciúme é vício. Paixão é talento.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Verde

Estavam cortando a grama perto do portão. Barulho de roçadeiras e cheiro fresco, bem tropical, bem típico e forte, de grama cortada.
Cheiro de dias quentes. Cheiro de vida na chácara, dos meus dez anos. Cheiro da minha mãe, que trabalhava feito homem e roçava a grama de vários hectares.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Amélias por aí....

Música do novo álbum da Pitty... não é a cara desse blog? Descontruindo Amélia.

domingo, 9 de agosto de 2009

Cinema

O dia era quase frio e as roupas combinavam. Casacos e sapatos pretos, como sempre. Reencontro. Conversa. Adultos. Do balcão faziam sua casa, as garrafas se esvaziando. Verdes.
Por certo tempo, um senhor, conhecido da cidade, a eles se juntou para conversar. Falavam de música, Michael Jackson e Frank Sinatra.
Conversavam sobre tudo.
Sem mágoas. Sem saudades também.
Apenas um estranho sentimento de familiaridade.
Ele continuava o mesmo, mas fumava.
Eles já não eram os mesmos, mas cantavam ainda as mesmas músicas.
Riam um pouco, acertavam o tom.
Parecia remoto, mas ao lado do outro o encaixe ainda era perfeito.
Ele confessou seus jogos, sua falta de escrúpulos.
Não tinha porque negar, ela já o sabia.
Respondeu quando perguntado sobre a nova garota.
Não perguntou nada porém. Tinha dúvidas, mas sempre procurava outros meios de descobrir.
Conversaram sobre tudo. Sem meiguices.
Palavras de amor não eram necessárias.
Tudo, natural.
Suas bocas, velhas conhecidas.

Escarpin, sandália, rasteirinha

Fiquei com vontade de escrever sobre sapatos.

Daí vim pra cá.
E a perdi.