sábado, 17 de outubro de 2009

Todas as mulheres que fui pra você

Eu quis ficar brava com você quando aconteceu.
Quis mesmo.
Mas quando vi, já não era mais só sua mulher. Era sua mãe.
Não, eu não era mais madura ou experiente que você. Longe disso.
Mas é que você me surgiu tão criança, de repente. Tão dependente de mim.
Acho que amor infantiliza...
- ou o pecado.
Quis te bater, cheia da cólera dos traídos, e arreguei, cheia da benção incondicional das mães, ao te ver pedindo por colo. Com os bracinhos estendidos pra mim, os olhos marejados refletindo a tua necessidade de proteção, de carinho, de perdão.
De amor.
Vi que se eu te deixasse ali, sozinho, você não sobreviveria.
Sequei tuas lágrimas, então.
E nunca derramei as que você me provocou.
Te abracei, te ninei, te pus ao meu lado.
Te cuidei.
E to te vendo crescer, até hoje, na barra da minha saia.
Só espero saber te deixar partir, quando tiver de te entregar ao mundo, menino.
Quando criares asas e fugires pra bem longe de mim.

domingo, 4 de outubro de 2009

Doce so-li-dão.

Ah, solidão.
Talvez meu medo fosse de te encontrar.
Acordar sozinha, levantar sem dar bom dia, sem dar beijo.
Passar o dia inteiro sem ter em quem pensar.
Passar sem.
Sem...
Mas não tinha jeito. Eu sabia que ia esbarrar com você em algum momento.
Cansei de fugir, de me esconder.
Puxa uma cadeira, senta aí.
Vamos conversar.
Eu sei que você não conversa...
Que não afaga e não consola.
Mas também sei que não vai embora.
Tão cedo.
Tem de ficar.
Então, vamos lá.
A gente anda precisando mesmo uma da outra.
Você vai ser minha fortaleza, um dia, sabia? Minha conquista.
Por isso, e só por isso, eu vou te agüentar.
No amor que eu não vou mais mentir.
Na metade do lençol que eu não vou mais puxar.
No cigarro que eu to tentando largar.
Nos sonhos próprios.
Até me fartar.
E além.