domingo, 9 de outubro de 2011

Arte do apego

A gente se apega muito às coisas, né?

Aí você me pergunta "que coisas", antes de responder. É, sensato. E eu fico sem saber definir ao certo sobre o que estou falando. Mas são as coisas... Sabe? As coisas. Tudo. A tudo, é isso.

A gente se apega a uma rotina, a gente se apega aos colegas de trabalho, a gente se apega ao supermercado, a gente se apega ao guardinha que tá sempre lá na entrada do seu departamento da faculdade. A gente se apega aquela série mó boa, a gente se apega ao "boa noite" do Bonner - tá, esse último não é pra todo mundo.

A gente se apega ao pôr-do-sol...

A gente se apega ao livro e fica naquele "ai, céus, termino ou não termino, vou me segurar e ler menos só pra ter mais um gostinho de continuar com ele". A gente se apega às saídas de sábado à noite, a casa da avó aos domingos, a reclamar da segunda-feira... A viajar...

... Isso é tão bom. Claro que nada que é bom é feito para ser eterno e se você tivesse que se apegar a algo para sempre tudo ficaria mais complicado.

Agora o que eu não entendo é esse movimento contrário ao apego que anda há um tempão na moda. É que nem com a rotina. Todo mundo diz que quer vê-la bem longe, mas no fundo, no fundo, o que as pessoas fazem é atraí-la cada vez mais. Quer dizer, sei lá, pelo menos é o que parece.

Mas é tão bom ir se apegando às coisas... Melhor ainda é se apegar sabendo que você pode se desapegar. E assim continuar nessa dança. Vai se desapegando... Só para poder se apegar de novo.

Somos um bando de apegados, isso sim. E quem se diz desapegado está se auto-proclamando um mentiroso.

Hm, somos um bando de mentirosos também.

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