sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Cada um no seu quadrado II

Eu também não sou das mais potilizadas e respeitosamente discordo da Helô, o que eu acho mais legal ainda: duas não tão politizadas assim, discutindo política a partir de pontos de vista diferentes.

Eu não acho, realmente, que o aborto seja mera questão de saúde pública. Na verdade, eu acho isso um absurdo! E eu penso isso não é por ser uma fanática religiosa ou por querer discutir em que ponto da gestação, fertilização, nidação, ...ão, existe a vida. Isso é uma coisa subjetiva que, realmente, não acredito que vá se chegar a um consenso. Eu não vou falar de Deus ou assassinato! Mas eu acredito em uma coisinha chamada conseqüência, e não é a eliminando das nossas vidas que uma sociedade evolui.

Acreditar que ao se permitir que uma mulher possa dar pra quem ela quiser, o dia e à maneira que ela quiser, sem conseqüência nenhuma disso, e, caso haja alguma, ela possa simplesmente se livrar dela, não é sinônimo de evolução, pra mim. E é isso o que acontece, sim! É uma irresponsabilidade que querem tornar legal chamando isso de liberdade. Com uma liberdade dessas, você é capaz de imaginar onde vamos chegar? Eu sou.

TODA mulher sabe que se transar sem proteção pode engravidar. Anticoncepcionais são distribuídos de graça nos postos de saúde. E o povo brasileiro é um povo que, cientificamente comprovado, vai a postos de saúde para passear! Ah, mas às vezes nem nós que somos estudadas e temos uma visão de futuro nos cuidamos. Azar o nosso que fazemos isso! Irresponsabilidade a nossa que permitimos isso!

Sim, nós temos promiscuidade no país. Temos mulheres que bebem num baile funk, transam com mil caras, engravidam e nem sabem quem é o pai do filho delas. Isso aí! A mulher é livre! Temos famílias pobres que já nem sustentam dez filhos e suas mulheres engravidam... A mulher é livre! A mulher lutou por isso! Mas não, ela não é livre das conseqüências desses atos.

Tá, nós temos as clínicas clandestinas, às vezes nem clínicas, e elas vão fazer isso, se quiserem. Mas sinceramente eu não acho que seja obrigação do Estado, simplemente porque elas fazem isso, falar ok, vamos cuidar para que elas não sofram males piores. Como assim o Estado tem que aceitar porque elas vão fazer?? Então é assim? Eu acredito, sim, que muitas mulheres sofram males horríveis nessas clínicas sem atenção, e o Estado tem de olhar por elas. Mas alguém aí sabe os males que são na vida de uma mulher fazer um aborto, mesmo que seja legal, numa clinicazinhha branca e bonitinha? Não é demagogia. Você, como mulher, sabe disso - ou devia saber.

Ah, pior seria ter um filho num momento da vida em que não é viável, em uma família que a criança vai crescer negligenciada... Bom, sério.. então, não engravida. Fácil falar. Fácil falar? E vocês acham que é fácil ser mulher? Quantas coisas não temos que fazer toooodos os dias? Quantas guerreiras não conhecemos todos os dias? É SER MULHER. NÃO É FÁ-CIL.

Ser mulher, pra mim, ser questão de mulher pra mim, não é ter a 'permissão' do Estado pra tirar um filho, é ter um filho! É arcar com as conseqüências do que se faz, sejam elas quais forem, em que momento da vida elas vierem!!

Não estou tirando as obrigações do Estado com você, de jeito nenhum. Mas o Estado não é uma pessoa... Isso que muitos não entendem. Ele não é alguém que pode engravidar aos 13 anos. Ele não pode pensar como se o fosse e tudo bem. Não que ele esteja acima do bem ou do mal, do tipo, vamos então castrar as mulheres porque essa é uma decisão nossa, ó entidade poderosa...

Acredito que a mulher tenha, sim, de ser livre pra escolher se vai ter um filho ou não! Mas, convenhamos, essa liberdade começa e termina no sexo sem proteção. Transando podendo engravidar, ela já escolheu. Ah, mas na vida num é assim que acontece, não é assim que as mulheres pensam. Pois deveria ser! Porque ser mulher é isso! E vocês subestimam muito as mulheres mais pobres ao insinuar que, bem, vejamos, elas não podem evitar ter tantos filhos a não ser abortando. Subestimam muito!

Eu sei que ao dizer isso eu posso parecer só uma caipira para muitos, ou ter uma visão muito fantasiosa de mundo, mas me desculpem, eu acredito na força de ser mulher, e não acredito que ela esteja na pseudo-escolha de ter um filho QUE JÁ SE ESCOLHEU TER. Não consigo ver essa questão como se o Estado estivesse dando a liberdade de escolha dela para ela, e ao proibir esteja tirando. Eu só consigo ver, sinceramente, que, ao permitir, ele esteja passando a mãe na cabecinha dela e lhe tirando a realidade da escolha, a escolha como ela É. Engano seu se você acha que ela, com essas conquistas todas, está habilitada a abrir mão de uma consequência, seja ela qual for.

E ninguém até hoje me convenceu do contrário.

Perdoem-me as inconsistências e confusões. Isso é cabeça e coração de uma mulher que cresceu com as conseqüências da vida, e não estudou, nem pesquisou nada pra escrever isso.

2 comentários:

  1. Meu deus, Paulinha, sério?!

    A gente precisa conversar.
    MESMO.

    Sorte que vc vem pra cá logo, hahaah.

    (e agora a conversa que eu tinha comentado no texto da Helo vai se tornar bem mais emocionante!)

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  2. Sério, Lice, sério. Num consigo pensar de outro jeito, num adianta. Ninguém me convence até hoje!

    Eu ia adorar conversar - mesmo que discordando -com vocês! MESMO. Sorte a nossa que vamos!

    :)

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