terça-feira, 19 de outubro de 2010

E os espectadores...

São diversos.

Um filme nacional gera sentimentos únicos, fortes e nacionais. Isso se intensifica em uma sala de cinema e, mais ainda, no cativante Tropa de Elite 2.
Agora o inimigo é outro. E aos que não viram o filme ainda, me perdoem, mas tenho que explicar: o inimigo é o sistema, a política.

Eram de se esperar do público reações avessas à politicagem nojenta que é combatida pelo bravo coronel Nascimento. Em uma sala de cinema em Ribeirão Preto, pessoas xingaram o governador corrupto e o deputado oportunista. Em São Paulo, o público aplaudiu de pé o fim do filme.

Em uma sala no Cinemark de Brasília, silêncio.
Gente que entende mais o sistema do que nós.

Brasília é diferente de qualquer cidade do país. O jovem que estuda pra ser funcionário público, o aspone em seu flat, os filhos de políticos andando de lancha no lago Paranoá, uma cidade vazia durante o fim de semana, um aluguel de 2000 reais por uma quitinete simples na Asa Norte... Todo o cenário, a rotina e a economia da cidade são orquestrados pela política.

Isso torna a cidade singular, mas se aproxima muito do padrão de capital estatal.
Lendo "A Mulher do Próximo", do Gay Talese, encontrei um trecho sobre a Washington dos anos 70, mandato de Nixon, que a mim trouxe muita semelhança com a capital do nosso país.

"Ela observara, enquanto passeava pela cidade no começo daquela semana, que a paquidérmica burocracia federal continuava viva e impondo aos seus contribuintes seus custos imensos. Foi a impressão mais estarrecedora que teve de Washington: o tamanho descomunal da burocracia, os prédios cinzentos sem fim que abrigavam multidões de funcionários, os engarrafamentos de limusines oficiais e carros do governo transportando um número desconhecido de extranumerários e factótuns que recheavam a folha de pagamento e, sem dúvida, não contribuíam com nada para a eficiência do serviço prestado aos cidadãos americanos." (p. 355)

O sistema é foda.

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