quarta-feira, 8 de abril de 2009

Embaixo do capacho, encontramos a seguinte nota:

"Cansei-me da quantidade de cômodos que tinha na velha casa da minha avó. Era muito quarto para nada. Ela, conhecida Amélia, sempre fora a rainha do lar - mas mesmo assim tinha que varrer aquela imensidão para depois não ter mais onde jogar o pó. Era cobrada para limpar direito o vidro, acertar a mão no tempeiro, dar de mamar ao bebê, arrumar todas as camas. Depois, fazer as unhas, trazer o chinelo do marido, fazer meias de tricô para as crianças, ler revistas sobre "como domesticar de seu homem" e assistir aos programas da tarde na televisão. Sem contar que tinha que saber de cor e salteado as receitas e o último capítulo da novela para poder comentar com as vizinhas. Grande Amélia.

Decidi mudar de vida. Ok, morar em casa de Vó é bom. Ainda mais quando se é uma Amélia - aprende-se muito do universo feminino, mas resolvi mudar-me para cá - um apartamento aqui no centro.

E também, eu que sou Amélia em homenagem à vó Amélia, sinceramente estava cansada de ouvir as pessoas cantando que "Amélia não tinha a menor vaidade e ela é que era mulher de verdade". Ah, faça-me o favor, eu tenho vaidade sim, e ai de quem dizer que não sou de verdade. Sou mais de verdade ainda - superlativa, explosiva de carne, osso e sem mimimi.

De mala e cuia vim virar independente. Ou melhor, independente sempre fui. Mas agora quero mostrar para o mundo todo que verdadeiramente sou. Boto a boca no trombone e o que ficava só dentro de casa há de se tornar público.
Com vocês, aberto a todos, o meu apê - com cheiro de café no ar, livros a todo canto e muita muita coisa para ser discutida.

Sejam Bem-Vindos!"

Entramos mesmo. E fomos muito bem-recebidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário