sexta-feira, 17 de abril de 2009

Estréia

Quando me convidaram pra entrar no apê, hesitei. Li o convite. Será que devo? Olhei para os lados. Reli. Num impulso, pedi as chaves, e, em seguida, elas me foram dadas. Quando as tinha nas mãos, não sabia o que fazer: entrei em pânico. E eis que estou aqui, meus caros, abrindo as portas com cuidado, entrando de mansinho, tremendo. Voilà, minha grande estréia.

A questão é que nunca tive um blog na vida, nunca escrevi para os outros, mesmo que nas horas de maior desespero a escrita tenha sido meu único e insubstituível remédio. Já escrevi, e muito, porém poucos são os que tiveram a honra (ou desgosto) de ler minhas produções. Meus textos e poesias têm esse "acesso restrito" porque eu sempre desenrolei assuntos pra lá de pessoais, e, convenhamos, eu não sou mulher de ficar expondo por aí as minhas fraquezas. Grandes decepções, amores não correspondidos, não amores extra correspondidos, família, a vida, a vida e a vida; dores: no peito, de cotovelo, de corno (ah, as dores de corno!), enfim...

É verdade também que sempre senti um pouquinho de vergonha. Tá, um pouquinho não, muita vergonha. Nunca tinha conhecido um protótipo de jornalista com vergonha de publicar?Muito prazer. Tenho medo de errar, falar merda, medo de julgamentos ("ah, não se pode ter medo de errar!todo mundo erra!e você sempre vai ser julgada, mesmo pelo silêncio!"blá blá, blá.), e isso tudo sempre me travou. Além disso, tenho uma certa dificuldade em encontrar palavras (muito prazer, mais uma vez). E também tenho alguns princípios aos quais sou fiel, mas isso eu comento mais tarde.

Outro ponto: não me é natural simplesmente discorrer sobre assuntos aleatórios, assim, sem um objetivo. As pessoas que ublicam devem ter suas razões, para serem ouvidas, ou simplesmente pra botar tudo pra fora, mas nenhuma delas me cabe. Se são banalidades, conversamos numa mesa de bar. Se são muito sérios e profundos, também conversamos numa mesa de bar. Agora, se são muito íntimos, escrevemos num papel e guardamos no fundo de uma gaveta. Pra mim é isso. Mas voltemos aos princípios. Veja bem, as premissas são simples, portanto de fácil compreensão (abençoada seja a lógica!)

Não falo sobre assuntos que não domino;
Não domino nenhum assunto;
Logo, não falo porríssima nenhuma.

Me irrita ver gente falando do que não sabe. Um discurso sem fundamento, opiniões sem relevância. Eu particularmente demoro para processar os dados do mundo, estou indo com calma, um passo de cada vez. Mas também não entrei aqui pra ficar calada. Trarei a mesa de bar pra dentro do apê, e até mesmo alguns rascunhos da gaveta. Aqui vou falar de banalidades, casos, vou expressar o meu eu artístico - isto é, se houver algum dentro de mim, falar um pouco de merda e um pouco de mim. Aliás, o "eu" é um bom começo. [a ser continuado]

(Respira. Respira. Publicar postagem)

Sinto a porta fechando às minhas costas.

2 comentários:

  1. Ai, Mi... Nunca tinha lido uma coisa sua.. a não ser um certo relato sobre um certo fato inédito na sua vida. ;x

    Eu que sou bem mulherzinha, daquelas que expõe qualquer fraqueza, adoraria ler mais coisas de mesa de bar, da mulher que as guarda no fundo da gaveta. =)

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  2. Caralho, mi!

    seja muuuuitíssimo bem-vinda!

    brother, tem lugar melhor pra se arriscar nas publicações do que um apezinho organizadamente bagunçado como esse?

    adorei chegar aqui e ver esse texto seu. juro.

    li aí muito do que a gente já tinha falado - e como a gente fala.. - o que só mostra como e como e COMO nossos achismos têm muito mais autoridade (e falam muito mais) do que muita certeza solta por aí.

    sorte que agora vc nao vai ter que desmaiar pra poder, depois, escrever algo que eu possa ler!

    ah! maaano, com esse seu "eu não sou mulher de ficar expondo por aí as minhas fraquezas." foi inevitável lembrar do zé cipeno - porra!

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